Como vão evoluir e quais os desafios no setor dos pagamentos
A utilização de um cartão físico, até agora o veículo preferencial utilizado nos pagamentos de compras, está seguramente a viver os seus últimos dias. Sugiro abordar a temática da revolução no setor dos pagamentos através da perspetiva de duas grandes transformações e do impacto que as mesmas terão na experiência dos ditos pagamentos.
Em primeiro lugar, vejamos a democratização da autenticação.
A digitalização dos pagamentos, como sejam o advento dos cartões virtuais e os pagamentos tokenizados, está gradualmente a desviar a autenticação exclusiva das redes tradicionais (Visa, Mastercard,…), para novos agentes que garantem a mesma autenticação segura (ApplePay, GooglePay,…).
Estes novos players têm duas enormes vantagens sobre os tradicionais: i) a portabilidade do dispositivo gerador do criptograma (telemóveis, dispositivos wearables,…) já presente no utilizador; ii) conhecimento e fidelização do consumidor conseguida através da contratualização prévia dos serviços da sua oferta tradicional.
Em breve, os mecanismos de autenticação portátil referidos irão também perecer em detrimento da autenticação biométrica. Esta evolução tem sido adiada. Não por aguardar uma qualquer disponibilização tecnológica, mas apenas por resistência legislativa, nomeadamente no que concerne à proteção de dados.
A segunda grande transformação tem a ver com a fidelização em todas as experiências de compras.
Os processos de fidelização tradicionais, por acumulação de pontos ou coupons associados a um qualquer cartão de comerciante, irão em breve tornar-se invisíveis para o utilizador. Apps com algoritmos de machine learning passarão a gerir as nossas opções de compra.
Mesmo o setor financeiro, na sua oferta de produtos e serviços, terá a possibilidade de disponibilizar a essas aplicações especializadas em consumo para que elas produzam a escolha mais vantajosa para o consumidor.